Soluções de alguns exercícios


Exercício Verifique usando as leis acima que {(A\lor B) \land \neg(\neg(A)\land B)} é logicamente equivalente a {A}.

\displaystyle \begin{array}{rcl} &(A\lor B) \land \neg(\neg(A)\land B) & \textit{ motivo}\\ \Leftrightarrow &(A\lor B)\land (\neg\neg(A)\lor\neg(B)) & \text{ De Morgan }\\ \Leftrightarrow &(A\lor B)\land (A\lor\neg(B)) & \text{ dupla nega\c c\~ao }\\ \Leftrightarrow &(A\lor (B \land \neg(B)) & \text{ distributiva }\\ \Leftrightarrow &(A\lor \mathbf{F}) & \text{ inversa }\\ \Leftrightarrow & A & \text{ identidade } \end{array}

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O seguinte é um argumento válido?

{\neg (P)\rightarrow Q}
{Q\rightarrow S}
{P\rightarrow R}
{\therefore \neg R\rightarrow S}

Sim, vejamos

passo proposição justificativa
1. {\neg P\rightarrow Q} premissa
2. {Q\rightarrow S} premissa
3. {P\rightarrow R} premissa
4. {\neg R\rightarrow \neg P} contrapositiva de 3
5. {\neg R\rightarrow Q} Silogismo hipotético de 4 e 1
5. {\neg R\rightarrow S} Silogismo hipotético de 5 e 2

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Exercício (Lewis Carrol) Verfique se o seguinte argumento é válido:

Todos os leões são selvagens.
Alguns leões não bebem café
Portanto, alguma criatura selvagem não bebe café.

Solução: Consideremos Matata um elemento do domínio.

passo proposição justificativa
1. {\forall x, (L(x) \rightarrow S(x))} premissa
2. {\exists x, (L(x) \land \neg C(x))} premissa
3. {L(Matata) \land \neg C(Matata))} instanciação universal de 2
4. {L(Matata) } simplificação de 3
5. {\neg C(Matata)} simplificação de 3
6. {(L(Matata) \rightarrow S(Matata))} instanciação universal de 1
7. {S(Matata)} Modus Ponens de 4 e 6
8. {S(Matata)\land \neg C(Matata)} conjunção de 5 e 7
8. {\exists x(S(x)\land \neg C(x))} generalização existencial

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Escreva uma demonstração para: para todo {x\in {\mathbb N}^*} (os naturais menos o zero), para todo {y\in{\mathbb N}}, se {x} divide {y} então {x^2} divide {y^2}.

Demosntração detalhada:

Sejam {n,m\in{\mathbb N}}.

1) {n\neq 0}. (premissa)
2) {n|m }. (premissa)
3) Se {n|m} então {m=nk} para algum inteiro {k} (da definição de divide)
4) {m=nk} (2, 3 e MP e instanciação existencial)
5) Se {m=nk} então {m^2= n^2 k^2} (propriedade aritmética e da igualdade)
6) {m^2= n^2 k^2} (4, 5 e MP)
7) Se {m^2= n^2 k^2} então existe um inteiro {c} tal que {m^2= n^2 c} (generalização existencial)
8) existe um inteiro {c} tal que {m^2= n^2 c} (5, 6 e MP)
9) se existe um inteiro {c} tal que {m^2= n^2 c} então {n^2 | m^2} (definição de divide)
10) {n^2 | m^2} (8, 9 e Modus Ponens)

Usando a regra de generalização universal concluímos que para todo {x\in {\mathbb N}^*} (os naturais menos o zero), para todo {y\in{\mathbb N}}, se {x} divide {y} então {x^2} divide {y^2}. \Box

Demonstração: Sejam {n} e {m} números naturais, {n\neq 0}. Suponha que {n|m} e que {n\neq 0}.

Se {n|m} e {n\neq 0} então {nq=m} para algum {q}.

Se {nq=m} então {n^2 q^2 = m^2}.

Portanto, {n^2|m^2.}

Usando a regra de generalização universal concluímos que para todo {x\in {\mathbb N}^*} (os naturais menos o zero), para todo {y\in{\mathbb N}}, se {x} divide {y} então {x^2} divide {y^2}. \Box

Note que a hipótese n\neq 0 é desnecessária. Devemos cuidar para não enunciar sentenças com hipóteses desnecessárias.


Exercício Prove que para qualquer natural {n>1}, existe uma sequência formada por {n} números naturais consecutivos tal que nenhum deles é primo.

Solução: Seja {n} um natural maior que 1 qualquer. A sequência {(n+1)!+2, (n+1)!+3,\dots,(n+1)!+(n+1)} é formada por {n} números naturais consecutivos. Ainda, {(n+1)!+j} é divisível por {j} sempre que {j\in\{2,3,\dots,n+1\}}. \Box


O problema com o passo:

Seja {t\in\mathbb N}, suponha que {\forall a,~\forall  b, (\text{max}\{a,b\}=t-1 \rightarrow a=b)} e vamos provar que {\forall a,\forall b,(\text{max}\{a,b\}=t\rightarrow a=b)}.

é que P(0) \not\rightarrow P(1) quando a ou b vale 0.



Exercício
Para todo inteiro n \geq 5, existem naturais a e b tais que n= 2a + 5b.

Solução:
Vamos provar por contradição. Suponha que a afirmação seja falsa e
seja A o conjunto de todos os naturais maiores ou iguais a 5 que
não podem ser escritos na forma 2a + 5b. Como A\neq \emptyset
podemos tomar m o menor elemento de A. De m\in A temos m \geq 5, portanto m-1 \geq 4. Da minimalidade de m temos que m-1 =2a+5b.

Se a \leq 1 e b \leq 0 então m-1 = 2a+5b \leq 2 + 0 = 2,
portanto, a > 1 ou b > 0.

Se a > 1 então m = 2a + 5b +1 = 2(a-2) + 5(b+1).
Se b > 0 então m = 2a + 5b +1 = 2(a+3) + 5(b-1).

Em ambos os casos, temos uma contradição.


Exercício Quantas soluções inteiras tem {x_1+x_2+x_3=11} com {x_1\in\{1,2,3\}} e {x_2,x_3\in\{4,5\}}?

Solução: O coeficiente de {x^{11}} em {(x^1+x^2+x^3)(x^4+x^5)(x^4+x^5)}. \Box


Exercício De quantos modos podemos comprar {n} frutas de modo que {(1)} o número de maçãs é par, {(2)} o número de bananas é múltiplo de 5, {(3)} no máximo 4 laranjas, e {(4)} no máximo uma pêra.

Solução:

\displaystyle f(x) = \frac 1{1-x^2} \cdot \frac 1{1-x^5} \cdot \frac{1-x^5}{1-x}\cdot (1+x)

{[x^n]f(x) = n+1}. \Box


Exercício Escreva uma demonstração para: se {P\rightarrow (Q\rightarrow R)} então {\neg R\ \rightarrow (P \rightarrow \neg Q)}.

Solução:

Assumamos {P \rightarrow (Q\rightarrow R)} e provemos {\neg R \rightarrow (P \rightarrow \neg Q)}.

Para provar {\neg R \rightarrow (P \rightarrow \neg Q)}, assumamos {\neg R} e provemos {P \rightarrow \neg Q}.

Para provar {P \rightarrow \neg Q }, assumamos {P} e provemos {\neg Q}.

1) {P \rightarrow (Q\rightarrow R)} (premissa)
2) {\neg R} (premissa)
3) {P} (premissa)
4) {Q\rightarrow R} (1, 3 e Modus Ponens)
5) {\neg Q} (2, 4 e Modus Tollens)

Portanto {\neg R \rightarrow (P \rightarrow \neg Q)}. \Box



Se {A}, {B} e {C} são três subconjuntos de {X=\{1,2,\dots,n\}}. Vamos contar o número de ternas {(A,B,C)} com {A\cap B \subset C}.

Denotemos por S o conjunto das partes de X.
Primeiro, fixamos o conjunto {C\in S} e o conjunto {A\in S}. Digamos que {C} tem cardinalidade {c} e {A\setminus C} tem cardinalidade {a}, com {0\leq c\leq n} e {0\leq a \leq n-c}. O número de possíveis {B\in S} tais que {A\cap B \subset C} é contado da seguinte maneira: para que {A\cap B} seja subconjunto de {C} o conjunto {B} não pode ter elementos de {A\setminus C}, caso contrário teríamos {x\in A\cap B} e {x\not\in C}. Qualquer outro elemento de {X} pode estar em {B} logo temos {2^{n-a}} possibilidades em {S} para o conjunto {B}.

Deixemos {C} fixado e vamos contar quantos {A\in S} são possíveis com {a} elementos em {A\setminus C }. Um conjunto {A} com {a} elementos em {A\setminus C } é formado por elementos de um subconjunto de {a} elementos escolhidos em {n-c}, ou seja { \binom{n-c}a} possibilidades para {A\setminus C} aos quais unimos um dos {2^c} subconjuntos de {C} para formar {A}, pelo princípio multiplicativo são { 2^{n-a}\binom{n-c}a 2^c} possibilidades para formar {A}. Assim o número de pares {(A,B)} cuja interseção está contida em {C} (fixo) é

\displaystyle   \sum_{a=0}^{n-c} 2^{n-a}\binom{n-c}a 2^{c} = 2^{c} 2^{c} \sum_{a=0}^{n-c} \binom{n-c}a2^{n-c-a} = 4^c (1+2)^{n-c} = 4^c 3^{n-c} \ \ \ \ \ (1)

na segunda igualdade usamos o teorema binomial.

Da equação (1) acima, são {4^c 3^{n-c}} pares {(A,B)} cuja interseção está contida em qualquer {C\in S} cuja cardinalidade é {c}. A quantidade de tais {C} é {\binom nc}, portanto, o número de ternas {(A,B,C)\in S\times S\times S} tais que {A\cap B \subset C} é

\displaystyle   \sum_{c=0}^n \binom nc4^c 3^{n-c} =(4+3)^n \ \ \ \ \ (2)

novamente, na equação (2) usamos o teorema binomial para concluir o resultado.

Portanto {|\{(A,B,C)\in S\times S\times S : A\cap B \subset C\}|=7^n}.


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