[MCTB019-17] §6 — Relações

Se {A_1,A_2,\dots,A_n} são conjuntos não vazios, um subconjunto {R\subseteq \prod_{i=1}^n A_i} é uma relação {n}-ária. No caso de dois conjuntos, digamos {A} e {B}, temos uma relação binária de {A} para {B} ou, simplesmente, dizemos relação. Uma relação binária {R} sobre {A} é uma relação binária de {A} para {A}.

Notação: Escrevemos {a\mathrel{R}b} com o significado de {(a,b)\in R}. Escrevemos {a\not\mathrel{R}b} com o significado de {(a,b)\not\in R}.


São exemplos de relações (binárias)

  1. {< \;\subset\, {\mathbb N}\times{\mathbb N}} é uma relação binária e {(2,3) \in <}, mas usamos {2<3}.
  2. {| \;\subset\, {\mathbb Z}^+ \times{\mathbb Z}^+} é uma relação binária e {(2,4) \in |}, mas usamos {2|4}.
  3. {\;\subseteq\, \subset 2^{\mathbb N} \times 2^{\mathbb N}} é uma relação binária e {\big(\{1,2\},\{1,2,3\}\big) \in \subseteq}, mas usamos {\{1,2\}\subseteq \{1,2,3\}}.

6.1. Composição e inversa

Assim como as funções, as relações podem ser compostas. Dadas as relações {R\subseteq A\times B} e {S\subseteq B \times C} definimos

\displaystyle (S\circ R)\subset A \times C

pela regra {(x, z)\in (S\circ R)} se, e somente se, existe {y\in B} tal que {(x, y)\in R} e {(y, z)\in S}. Em notação infixa

\displaystyle x \mathrel{(S\circ R)} z \Leftrightarrow \exists y( x\mathrel{R}y \land y\mathrel{S}z)

Não é difícil ver que a composição ordinária de funções é um caso especial de composição de relação.

Por exemplo, considere as relações

\displaystyle \begin{array}{rcl} R &=& \{(1, 1), (1, 4), (2, 3), (3, 1), (3, 4)\}\\ S &=& \{(1, 0), (2, 0), (3, 1), (3, 2), (4, 1)\} \end{array}

A composição delas é

\displaystyle S\circ R = \{(1, 0), (1, 1), (2, 1), (2, 2), (3, 0), (3, 1)\}

As relações também têm inversa

\displaystyle x\mathrel {R^{-1}} y \Leftrightarrow y\mathrel{R}x.

Ao contrário das funções, toda relação tem uma inversa.

Por exemplo, tome {A = \{1, 2, 3\}} e

\displaystyle R = \{(1, 2), (1, 3), (2, 3)\}

A relação inversa é

\displaystyle R^{-1} =\{ (2, 1), (3, 1), (3, 2)\}.

Ademais

\displaystyle \begin{array}{rcl} R^{-1}\circ R &=& \{(1, 1), (1, 2), (2, 2), (2, 1)\}\\ R\circ R^{-1} &=& \{(2, 2), (2, 3), (3, 3), (3, 2)\} \end{array}

Exercício 25 Qual é inversa da relação {<} sobre {{\mathbb N}}?

Notação: Para uma relação genérica, usamos símbolos como {\sim}, {\equiv}, {\simeq}, {\approx} ao invés de {R}.

6.2. Classificação de relações

Uma relação binária {\sim} sobre um conjunto {A} pode ou não ter uma das seguintes propriedades:

  • reflexiva para todo {a\in A}, {a\sim a};
  • irreflexiva para todo {a\in A}, {a\not\sim a};
  • simétrica para todo {a\in A}, para todo {b\in A}, se {a\sim b} então {b\sim a};
  • antissimétrica para todo {a\in A}, para todo {b\in A}, se {a\sim b} e {b\sim a} então {b=a};
  • transitiva para todo {a\in A}, para todo {b\in A}, para todo {c\in A}, se {a\sim b} e {b\sim c} então {a\sim c}.

Por exemplo, em {{\mathbb R}} a relação {x\sim y} se, e só se, {|x-y|< 1} é reflexiva, simétrica e transitiva.

Uma relação pode ser simétrica e antissimétrica ao mesmo tempo, ou pode não ser nem simétrica nem antissimétrica. Uma relação pode ser nem reflexiva e nem irreflexiva porém, se o conjunto {A} não é vazio, uma relação não pode ser ao mesmo tempo reflexiva e irreflexiva sobre {A}.

Por exemplo, as relações sobre {A = \{1, 2, 3, 4\}}

  1. {R_1 = \{(1, 1), (1, 2), (2, 1), (2, 2), (3, 3), (3, 4), (4, 1), (4, 4)\}} é reflexiva.
  2. { R_2 = \{(1, 1), (1, 2), (2, 1)\}} é simétrica.
  3. { R_3 = \{(1, 1), (1, 2), (2, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 1), (1, 4), (4, 4)\}} é reflexiva e simétrica.
  4. {R_4 = \{(2, 1), (3, 1), (3, 2), (4, 1), (4, 2), (4, 3)\}} é irreflexiva, antissimétrica e transitiva.
  5. {R_5 = \{(1, 1), (1, 2), (1, 3), (1, 4), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (3, 3), (3, 4), (4, 4)\}} é reflexiva, antissimétrica e transitiva.
  6. {R_6 = {(3, 4)}} é irreflexiva, antissimétrica e transitiva.

Exercício 26 A seguir, considere {A=\{1,2,3,4\}} e {B=\{1,2,3\}} e classifique, quanto as propriedades acima, as relações

  1. {R_1=\{(1,2),(2,1),(1,3),(3,1)\}}.
  2. {R_2=\{(1,1),(2,2),(3,3)\}}.
  3. {R_3=\{(1,1),(2,2),(3,3),(2,3)\}}.
  4. {R_4=\{(1,1),(2,3),(3,3)\}}.
  5. {R_5=\{(1,2),(2,3),(3,1)\}}.

6.3. Relações de equivalência

Uma relação é de equivalência se for reflexiva, simétrica e transitiva.

São exemplos de relações de equivalência

  1. {=} é uma relação de equivalência em {{\mathbb N}}.
  2. {\leq } não é uma relação de equivalência em {{\mathbb N}}.
  3. Se {T} e {S} são triângulos no plano e {T\cong S} se os triângulos são semelhantes, então {\cong} é relação de equivalência sobre o conjunto de todos os triângulos no plano.
  4. Semelhança de matriz é uma relação de equivalência sobre o conjuntos de todas as matrizes quadradas de ordem {n} de números reais.
  5. {\cong\pmod 3} é a relação dada pelos pares de inteiros que deixam o mesmo resto quando divididos por {3}, é de equivalência.
  6. {\subset} não é relação de equivalência sobre o conjunto das partes de {A}.

Partição de um conjunto

O conjunto {\mathcal{A}} é uma partição do conjunto {A} se seus elementos são subconjuntos não-vazio de {A}, disjuntos dois-a-dois e a união deles é {A}, isto é,

  • (a) para todo {B\in \mathcal A}, {B\neq \emptyset} e {B\subseteq A};
  • (b) para todos {B}, {C\in \mathcal A}, {B\neq C\Rightarrow B\cap C =\emptyset};
  • (c) {\displaystyle\bigcup \mathcal A =A}.

Por exemplo, sejam {R_0}, {R_1} e {R_2} subconjuntos de {{\mathbb Z}} definidos por

\displaystyle R_i = \{n \in {\mathbb Z} : n \text{ dividido por } 3 \text{ deixa resto }i \}

{\{R_0,R_1,R_2\}} é uma partição de {{\mathbb Z}}.

Teorema 34 Se {\mathcal{A}} é uma {partição} do conjunto {A}, então a relação binária {\sim} sobre {A} dada por {a\sim b} se, e só se, existe {B\in \mathcal A} tal que {\{a,b\} \subseteq B} é uma relação de equivalência.

Demonstração: Sejam {A}, {\mathcal A} e {\sim} como dados no enunciado.

A relação {\sim} é reflexiva pois para todo {a\in A} existe um {B\in \mathcal A} tal que {a\in B} pelo item (c) da definição de partição.

A relação {\sim} é simétrica pois para todos {a,b\in A} se existe um {B} tal que {\{a, b\}\subseteq B} então {\{b, a\}\subseteq B}.

A relação {\sim} é transisiva pois para todos {a,b,c\in A} se existe um {B} tal que {\{a, b\} \subseteq B } e existe um {C} tal que {\{b, c\}\subseteq C} então, como {b\in B\cap C}, temos {B=C} pelo item (b) da definição de partição. \Box

No exemplo acima {\{R_0,R_1,R_2\}} é a partição de {{\mathbb Z}} dada pelos restas da divisão por {3}. Definimos {\sim} sobre {{\mathbb Z}} por

\displaystyle a \sim b \text{ se existe } i\in \{0,1,2\} \text{ tal que }a,b\in R_i

isto é, {a} e {b} estão na relação se deixam o mesmo resto quando divididos por {3}.

Classes de equivalência

Seja {\sim} uma relação de equivalência sobre o conjunto {A\neq\emptyset} e {a\in A}

\displaystyle [a]_\sim = \{ b\in A \colon b\sim a\}

é o subconjunto de {A} formado por todos os elementos equivalentes a {a}, chamado de classe de equivalência de {a}. O elemento dentro dos colchetes é chamado de representante da classe.

Por transitividade, qualquer elemento da classe pode ser seu representante. Seja {b\in A} com {b\sim a}. Para todo {c\in [a]_\sim} vale {c\sim a}, portanto, {c\sim b}, logo {c\in [b]_\sim}. Reciprocamente, se {c\in [b]_\sim} então {c\in [a]_\sim}, por argumento análogo. Assim {[a]_\sim=[b]_\sim}. Também, se {[a]_\sim=[b]_\sim} então de {a\in [a]_\sim} temos {a\in [b]_\sim}, portanto {a \sim b}. Com isso provamos

\displaystyle a\sim b \Leftrightarrow [a]_\sim=[b]_\sim. \ \ \ \ \ (33)

O que podemos dizer no caso {[a]_\sim\neq [b]_\sim}? Imediatamente, por (33) que {a\not\sim b}. Para qualquer {c\in A}, se {c\sim a} então {b\not\sim c}, caso contrário teríamos uma contradição pela transitividade, de modo que {[a]_\sim \cap [b]_\sim = \emptyset}.

Concluindo, dos parágrafos precedentes temos que para as classes de equivalência vale um dos casos: para quaisquer {a,b\in A}

  1. {[a]_\sim=[b]_\sim}, ou
  2. {[a]_\sim\cap [b]_\sim =\emptyset}.

O conjunto quociente de {A} pela relação de equivalência {\sim} é o conjunto das classes de equivalência da relação

\displaystyle A/{\sim} = \{ [a]_\sim \colon a\in A\}. \ \ \ \ \ (34)

Já provamos, no teorema 34, que um partição do conjunto não vazio {A} define uma relação de equivalência. A recíproca também vale, uma relação de equivalência sobre {A} define uma partição desse conjunto.

Teorema 35 Se {\sim} é uma relação de equivalência sobre o conjunto {A\neq\emptyset} então {A/{\sim}} é uma partição de {A}.

Demonstração: Exercício. \Box

Por exemplo, no caso de exemplo dos restos de divisão por {3}

\displaystyle \begin{array}{rcl} R_0 = [0] &=& \{\dots,-9, -6,-3,0,3,6,9,12,15, \dots\} \\ R_1 = [1] &=& \{\dots,-8,-5,-2,1,4,7,10,13,16, \dots\} \\ R_2 = [2] &=& \{\dots,-7,-4,-1,2,5,8,11,14,17, \dots\} \end{array}

Observemos que {[0] =[3]=[6]}.

6.6. Relações de ordem

Uma relação {\preccurlyeq} sobre um conjuto {A} é uma relação de ordem se essa for

  • reflexiva,
  • antissimétrica e
  • transitiva.

Exemplo: {\subseteq} é uma relação de ordem sobre {2^{\mathbb Z}} e {\leq } é uma relação de ordem sobre {{\mathbb Z}}.

Há uma diferença importante entre as duas relações de ordem do exemplo anterior, na primeira, {\subseteq}, pode haver elementos incomparáveis, por exemplo, os conjuntos {\{1,2\}} e {\{2,3\}} são incomparáveis

\displaystyle \{1,2\} \not\subseteq \{2,3\} \text{ e } \{2,3\} \not\subseteq \{1,2\}

enquanto que quaisquer dois números inteiros {x} e {y} são comparáveis

\displaystyle x\leq y \text{ ou } y\leq x.

Se em {A} há elementos incomparáveis sob a relação de ordem {\preccurlyeq} então

\displaystyle (A,\preccurlyeq) \text{ \'e uma ordem parcial}

ou, {A} e conjunto parcialmente ordenado por {\preccurlyeq} Caso contrário

\displaystyle (A,\preccurlyeq) \text{ \'e uma ordem total}

ou, {A} é conjunto totalmente ordenado por {\preccurlyeq}.

Exemplo: {(2^A,\subseteq)}, {({\mathbb Z},\leq)} e {({\mathbb Z}^+,|)} são ordens parciais, somente {({\mathbb Z},\leq)} é total.

Máximos e mínimos

Definição 19 Em {(A,\preccurlyeq)} temos que {x\in A } é um elemento minimal se, e só se, para todo {y\in A}, {y \preccurlyeq x} implica que {y = x}.

Em {(A,\preccurlyeq)} temos que {x\in A} é um elemento maximal de {A} se para todo {y}, {x \preccurlyeq y} implica que {y = x}.

Um conjunto parcialmente ordenado pode ter qualquer número de elementos minimais: os números inteiros não têm mínimo, os naturais têm um mínimo e um conjunto com {k} elementos nenhum dos quais são comparáveis entre si tem {k} mínimos. As afirmações análogas para maximal também valem.

Exemplo: Sejam {A = \{1, 2, 3, 4, 5, 6\}} e tomemos em {A} a relação de ordem {\preccurlyeq} dada por {\{(1, 3), (2, 3), (1, 4), (2, 4), (3, 4), (5, 6), (1,1),(2,2),(3,3),(4,4),(5,5),(6,6)\}}. O número {2\in A}, por exemplo, é um elemento minimal de {(A, \preccurlyeq)}, pois não existe nenhum par {(a, 2)}, {a\neq 2}, na relação. Os elementos minimais {(A, \preccurlyeq)} são {1}, {2} e {5}.

Exemplo: Tomemos {A = {\mathbb N}\setminus\{0, 1\}} e {|} a relação “divide”. O número {21} não é minimal pois, por exemplo, {(3, 21)\in |} e {3\neq 21}. O número {17} é minimal pois não existe nenhum par {(a, 17)} com {a\neq 17} em {|} (a única possibilidade seria o {1} que não está no conjunto). Note que os elementos minimais de {(A,\preccurlyeq)} são os números primos.

Quando {A} é um conjunto de conjuntos e a relação de ordem é {\subseteq}, um elemento minimal de {(A,\subseteq)} é um conjunto que não contém propriamente nenhum outro elemento de {A}. Por exemplo, se {A = \{ \{2\} , \{1, 2\} , \{1, 3\} , \{1, 2, 4\} , \{3, 4, 5\} \}} então {\{1, 2, 4\}} não é minimal (contém propriamente {\{1, 2\}\in A}). São os elementos minimais {\{2\}}, {\{1, 3\}} e {\{3, 4, 5\}}. O elemento {\{2\}} não é maximal (por que?). Os elementos maximais de são {\{1, 3\}}, {\{1, 2, 4\}} e {\{3, 4, 5\}}.

Definição 20 Se um elemento {x\in A} satisfaz {x\preccurlyeq y} para todo {y\in A}, então {x} é um mínimo de {A}.

Se um elemento {x\in A} satisfaz {y\preccurlyeq x} para todo {y\in A}, então {x} é um máximo de {A}.

Um conjunto parcialmente ordenado tem no máximo um mínimo. Por exemplo, {0} nos naturais é mínimo. Também pode não ter um mínimo como os inteiros negativos ou pode não ter mínimo porque tem mais de um elemento minimal. As afirmações análogas para máximo também valem.

Exemplo: Seja {A = \{2, 4, 6, 8\}} e seja {R} a relação {\leq} (menor ou igual) sobre {{\mathbb Z}}. O inteiro {2} é um mínimo de {(A, R)}. Por outro lado, se {A} é o conjunto dos inteiros pares então {(A, R)} não tem mínimo.

Exemplo: O elemento {\{2, 4\}} de {\{ \{1, 2, 4\} , \{2, 4\} , \{2, 3, 4\} , \{2, 4, 5\} , \{2, 3, 4, 6\} \}}, com a relação de inclusão, é mínimo

Exemplo: Exemplo da diferença entre um elemento maximal e um elemento máximo: considere o conjunto {\mathcal P} de todos os subconjuntos de {{\mathbb N}} com no máximo três elementos e ordenados por inclusão {\subseteq}. Então {\{0, 1, 2\}} é um elemento maximal de {(\mathcal P,\subseteq)} pois ninguém de {\mathcal P} o contém e {\{0, 1, 2\}} não é máximo porque não contém o elemento {\{3\}} de {\mathcal P}.

Exercício 27 Determine os elementos maximais/minimais/máximo/mínimo em {({\mathbb Z}^+, |)}.

Exercício 28 Prove que se {(A,\preccurlyeq)} tem máximo então ele é único.

Exercício 29 Prove que todo elemento máximo de uma ordem é maximal.

Boa ordem

{(A,\preccurlyeq)} é boa ordem se {\preccurlyeq} é uma ordem total e todo subconjunto não vazio de {A} tem mínimo. A propriedade útil da Boa-ordem é que ela permite provas por indução, como nos naturais.

Notação: { a \prec b} significa { a \preccurlyeq b} e {a\neq b}.

Teorema 36 (Princípio da Indução para conjuntos bem-ordenados) Seja {(A,\preccurlyeq)} bem-ordenado e {P} um predicado sobre {A}. Se para todo {y\in A}

{P(x)} verdadeiro para todo {x\in A} com {x\prec y} implica que {P(y)} é verdadeiro

então {P(a)} é verdadeiro para todo {a\in A}.

Em resumo

\displaystyle \forall y\in A \left( \Big(\forall x\in A (x \prec y \Rightarrow P(x))\Big)\Rightarrow P(y)\right) \Rightarrow \forall a\in A,~P(a) \ \ \ \ \ (35)

Demonstração: A prova é por contradição. Sejam {(A,\preccurlyeq)} uma boa ordem e {P} um predicado sobre {A}.

Suponha que que para todo {y\in A} vale que

\displaystyle \Big(\forall x\in A (x \prec y \Rightarrow P(x))\Big)\Rightarrow P(y) \ \ \ \ \ (36)

 

e assuma que existe {a\in A} tal que {P(a)} não é verdadeiro.

Defina

\displaystyle S=\{a\in A \colon \text{n\~ao }P(a) \} \ \ \ \ \ (37)

que, por hipótese é não vazio. Seja {m} o menor elemento de {S} com respeito a ordem {\preccurlyeq}. Então, para todo {x\prec m} vale {P(x)}. Por (36), {P(m)} é verdadeiro, uma contradição. \Box

Exercicio Considere a relação {\trianglelefteq} sobre o conjunto {{\mathbb Z}^-} dos inteiros negativos definida por

{a\trianglelefteq b} se, e somente se, {|a|\leq |b|}.

  1. Prove que {\trianglelefteq} é uma relação de ordem sobre {{\mathbb Z}^-}.
  2. Prove que {\trianglelefteq} é uma boa-ordem sobre {{\mathbb Z}^-}.
  3. Seja {f:{\mathbb Z}^- \rightarrow {\mathbb Z}^-} dada por {f(-1)=-1} e para {n<-1}, {f(n)=f(n+1)+n}.

    Use o Princípio de Indução para conjuntos bem-ordenados em {({\mathbb Z}^-,\trianglelefteq)} para provar que

    \displaystyle f(n) = -\frac{|n|(|n|+1)}2.

Na axiomática de ZFC para a teoria dos conjuntos o seguinte resultado é equivalente ao axioma da escolha.

Teorema 37 Para todo conjunto {A} não vazio, existe uma ordem total {\preccurlyeq} tal que {(A,\preccurlyeq)} é boa-ordem.

choiceaxiom

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